Em entrevista, Herve Kasaka conta um pouco de sua jornada da República Democrática do Congo até o Brasil

Herve Kasaka chegou ao Brasil em julho de 2019. Depois de meses trabalhando informalmente, foi por meio do contato com a Estou Refugiado que ele conseguiu sua carteira assinada, em fevereiro de 2020, na rede de mercados Natural da Terra. Gentil e animado com o novo emprego, Herve espera recontar sua história daqui para a frente. Ele é natural de Kinshasa, a capital e a maior cidade da República Democrática do Congo, com cerca de 10 milhões de habitantes, situada às margens do rio Congo. A vinda ao Brasil foi determinada por razões políticas. Estava cansado. Em conversa com a Estou Refugiado, Herve contou seus aprendizados no trabalho e suas expectativas para o futuro.

Você veio sozinho?

Sim, minha cidade tem muito problema político, muita morte. Não queria mais viver isso, então tomei a decisão e vim, sozinho. Minha família toda ficou lá. Sinto muita falta da minha família, dos meus amigos e principalmente da minha mãe [no dia da conversa, a foto do perfil no WhatsApp era a foto da mãe, que Herve contou posteriormente ter colocado em homenagem ao recente aniversário dela].

O pedido de visto de reunião familiar para refugiados é um direito garantido pela lei brasileira. Você pensa em trazê-los para cá?

Com certeza, assim que eu conseguir, esse é meu maior objetivo. 

Você se sente bem acolhido e respeitado aqui?

Demais. Meus amigos, vizinhos, no trabalho… O brasileiro é sempre simpático comigo, todo mundo me respeita, é tudo muito de boa. E adora brincar. Eu também gosto! 

Como foi conseguir o trabalho na Natural da Terra?

Ah, foi tudo que eu sempre quis, tudo de boa. Mesmo sendo o único estrangeiro no trabalho, todo mundo me trata muito bem. Foi muito importante o que o pessoal da Estou Refugiado fez por mim, me ajudando com o trabalho. 

O que você mais aprendeu até agora?

Eu já tinha trabalhado com supermercados antes no meu país, então não foi difícil aprender o dia a dia do trabalho. O que é ainda mais complicado é a língua, estou aprendendo o português e todo dia aprendo um pouquinho mais, mas tem algumas coisas que ainda são complicadas.

O que você mais gosta do Brasil?

Gosto muito da cultura brasileira e da comida, claro! Arroz, feijão, macarrão, linguiça… eu amo! Nossas comidas são bem parecidas também, no meu país também gostamos muito de comer mandioca, feijão e farinha. 

O que você menos gosta daqui?

No momento, essa pandemia chata rsrs. É difícil ter que ficar com tudo fechado, tão desanimado, a cidade toda vazia, a rua vazia, tudo fica muito triste. Mas estou me cuidando, logo isso tudo vai passar.

E sobre a cidade de São Paulo?

Aqui em São Paulo tem tanto museu, tanta música, dança. É a cabeça do Brasil. Tenho amigos baianos, cariocas… Quero viajar para conhecer, até a Amazônia. Mas viver mesmo eu gosto de São Paulo. Hoje eu moro no Itaquera, um bairro bom, pertinho do estádio de futebol, do shopping… Estou feliz, é melhor para mim o Brasil.

O que você espera para o futuro?

Quero construir cada vez mais minha vida aqui. Quero estudar, porque o melhor lugar que o homem pode encontrar é na escola. Trabalhar mais. Também quero encontrar uma esposa e construir a minha família. Só quero ficar tranquilo, sabe?

Equipe da Natural da Terra com novo integrante Herve Kasaka