A inserção de refugiados no mercado de trabalho é fundamental para uma sociedade mais justa

Primeiro de Maio é o Dia Internacional dos Trabalhadores, e isso inclui, é claro, os trabalhadores em situação de refúgio. A origem da data comemorativa remonta ao dia 1º de maio de 1886, quando uma greve trabalhista em Chicago conquistou a redução da jornada de trabalho diária, que chegava a 17 horas, para 8 horas. No Brasil, as conquistas trabalhistas estiveram bastante associadas à chegada de imigrantes europeus, que incitaram parte das ideias de luta pelos direitos dos trabalhadores, fato que, após a primeira Greve Geral no país, em 1917, levou ao crescimento e fortalecimento do operariado. Desde então, são mais de 100 anos de resistência na conquista de uma série de direitos de que usufruímos hoje.

Mesmo assim, para a Estou Refugiado, ainda não é um dia de celebrar, e sim um marco de luta pela ampliação do número de profissionais refugiados no mercado de trabalho brasileiro. Em muitos casos, a dificuldade de encontrar um trabalho não está relacionada à sua qualificação, mas sim à falta de oportunidades e à necessidade de recuperação da autoestima e da confiança em suas capacidades. Muitos tinham carreiras consolidadas em seu país de origem e, no entanto, ao procurarem um emprego no Brasil, são avaliados mais por sua situação de fragilidade do que por suas habilidades e características.

Por isso, contando com a colaboração de voluntários, profissionais de Recursos Humanos, psicólogos, comunicadores e com direção de Luciana Capobianco, a Estou Refugiado atua com foco determinado na inserção de refugiados no mercado de trabalho, há 7 anos. A ONG já impactou mais de 4 mil pessoas vindas de 20 países diferentes, sendo responsável pela inserção de mais de 1.200 profissionais refugiados no mercado de trabalho. Mas é evidente que ainda há um caminho longo a ser percorrido. 

As práticas de promoção dos direitos humanos e de valorização da diversidade com iniciativas de inclusão do refugiado no mercado de trabalho são fundamentais para uma sociedade mais justa. O ser/estar refugiado passa invariavelmente pela vivência de uma situação transitória, em que indivíduos concretos, com sonhos, esperanças e desejos, tornam-se espectros quase nebulosos. Ao chegar ao novo país, são sempre o “outro”, o “sem lugar”. 

Gentis, educados, poliglotas – uma sucessão de adjetivos que não definiram com exatidão quem eles são, as experiências que viveram e tudo que ainda podem crescer e desenvolver dentro e fora das empresas que os contratam. Seu reconhecimento e sua inserção no mercado de trabalho são um passo importante na socialização e na criação de sociedades mais diversas e igualitárias.