A pandemia do coronavírus agravou a situação de desemprego das pessoas com 60 anos ou mais. O preconceito com a idade, que já existia, aumentou com a Covid-19. A letalidade maior à doença – 75% dos óbitos ocorrem entre quem tem 70 anos ou mais – torna essa faixa etária mais suscetível a afastamentos do trabalho. Outro fator que contribui para essa situação é a exclusão digital.
Essa é a conclusão de estudo publicado neste domingo (18) pelo jornal O Globo, baseado na análise dos números do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério da Economia, e do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento).
Os dados mostram que os profissionais seniores são os que mais sofrem com a falta de vagas durante a pandemia. Em agosto, foram geradas 263,7 mil vagas com carteira para quem tem abaixo de 60 anos. Já entre os mais velhos, foram eliminadas 14,3 mil vagas.
Segundo o sociólogo Ian Prates, do Cebrap, que fez o estudo, uma das razões para a dificuldade na geração de emprego formal para os trabalhadores mais velhos é o fato de que 71% deles trabalham no setor de serviços, o mais afetado pelo distanciamento social. No caso dos mais jovens, esse percentual é de 55%.
“A retomada no mercado formal já começou, embora bastante tímida. Para os idosos, no entanto, o saldo continua negativo. Uma tendência que já vinha no mercado formal e que se intensificou com a pandemia”, diz o sociólogo, de acordo com O Globo.
A pesquisadora Ana Amélia Camarano, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), afirma, de acordo com a reportagem, que 600 mil trabalhadores com 60 anos ou mais foram afastados do mercado de trabalho entre o fim de 2019 e o segundo trimestre de 2020.
Outro dado apontado como barreira para o emprego dos seniores é a exclusão digital, já que apenas 38,7% da população de 60 anos ou mais acessava a internet antes da pandemia. Esse percentual é quase metade da média brasileira (74,7%). Num momento em que muitas empresas estão adotando o trabalho remoto, isso é um complicador.